segunda-feira, 14 de novembro de 2011

6. PANCRÊAS


O pâncreas é uma glândula tanto exócrina como endócrina. Neste capítulo falaremos apenas de sua parte endócrina, sendo a parte exócrina abordada no capítulo de sistema digestivo. A maior parte da glândula produz secreção exócrina, que se dirige ao duodeno. As porções endócrinas da glândula são facilmente reconhecidas ao microscópio óptico como grandes áreas claras situadas entre os ácinos secretores, que se coram mais fortemente. Cada uma dessas áreas claras consiste em grupos irregulares de células conhecidos como ilhotas de Langerhans. As células das ilhotas dispõem-se em cordões anastomosados, profusamente irrigados por capilares fenestrados. As ilhotas de Langerhans não são encapsuladas, sendo sustentadas por fibras reticulares e não possuem ductos. Suas células lançam sua secreção diretamente na corrente sangüínea.Admite-se que as ilhotas representem, aproximadamente, 1,5% do volume do pâncreas.
Em cortes rotineiros corados pela hematoxilina e eosina, não se consegue identificar grânulos secretores nas células da ilhota. No entanto, quando são usadas técnicas especiais de colorações, pode-se identificar 4 tipos de células, de acordo com as características morfológicas e tintoriais de seus grânulos. Essas células são: beta, alfa, delta e PP (célula polipeptídeo-pancreática). As células beta localizam-se centralmente, constituem  a maior parte da população de células da ilhota e secretam INSULINA. As células alfa situam-se na periferia das ilhotas e secretam GLUCAGON. As células delta são encontradas entre as células alfa e secretam SOMATOSTATINA, que é o fator inibidor da liberação do hormônio hipofisário do crescimento, mas também é inibidor da secreção de insulina e glucagon. As células PP produzem um polipeptídeo que, quando injetado em animais, provoca um aumento do peristaltismo intestinal. Em humanos sua função ainda não é conhecida.
A ilhota tem um sensível e aperfeiçoado mecanismo de regulação da glicemia (teor de glicose no sangue ).O glucagon faz subir a glicemia ativando a lise das moléculas de glicogênio armazenadas no fígado, sendo, portanto, considerado um hormônio hiperglicemiante; já a insulina é um hormônio hipoglicemiante, pois retira a glicose da corrente sangüínea e a deposita nas células de todo corpo, sendo o excesso de glicose armazenado no fígado na forma de glicogênio.
ILHOTAS DE LANGERHANS E DIABETES MELLITUS
          No diabetes mellitus, as células beta das Ilhotas  de Langerhans perdem sua capacidade de secretar insulina, ou as células-alvo dos tecidos tornam-se menos sensíveis à insulina circulante. No diabete tipo 1, há uma redução da produção do hormônio – as células beta vão sendo destruídas; não se sabe o motivo, mas acredita-se que se formam anticorpos contra essas células. Já no diabete tipo 2, em que a doença geralmente se inicia na vida adulta, os níveis plasmáticos de insulina podem ser normais ou apenas levemente abaixo do normal. Há uma resistência tecidual à insulina, ou seja, ela não é funcional.  A causa exata do diabetes mellitus não é conhecida, mas acredita-se que
fatores genéticos, metabólicos e auto-imunes, assim como infecção por vírus, possam ser a causa da instalação da doença em muitos pacientes. Em todos os pacientes com diabetes mellitus, o nível de glicose sangüínea está acima do normal ( hiperglicemia). Uma vez que este valor atinge um certo valor limite, aproximadamente 180mg/dL, a glicose passa a ser eliminada pela urina (glicosúria). A pressão osmótica exercida pela alta concentração de glicose na urina inibe a reabsorção de água pelos túbulos renais, de modo que uma quantidade anormalmente elevada de água é perdida, causando diurese excessiva(poliúria).O paciente passa a ter muita sede, pois o volume do líquido extracelular é reduzido e a osmolaridade aumentada. Ele ingere mais líquido numa tentativa de compensar a água perdida.O nível anormalmente alto de glicose sangüínea resulta da permeabilidade reduzida das membranas celulares à glicose causada pela produção insuficiente de insulina ou pela insensibilidade das membranas celulares à insulina circulante. Como as células são incapazes de obter a glicose do sangue para servir de fonte de energia, elas passam a se utilizar das gorduras. Assim, o desdobramento dos triglicerídeos aumenta, liberando ácidos graxos e glicerol. O fígado transforma os ácidos graxos em corpos cetônicos, como forma de transportar acetilas aos tecidos para a obtenção de energia. O problema dos corpos cetônicos é que eles têm um caráter ácido acentuado, e o excesso deste resulta em acidose. O indivíduo apresenta, então, hálito cetônico e respiração de Kusmaul (ofegante, pois o excesso de ácido estimula o centro respiratório).
A falta de glicose nas células reduz a síntese de proteína intracelular.
Além disso, os aminoácidos são perdidos no metabolismo proteico por
converterem-se em glicose, o que também contribui para a hipertrigliceremia.
Os distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas que
estes pacientes apresentam levam a uma perda de peso e falta de energia.
Resumindo...os principais sinais e sintomas do diabético são:
- Poliúria ( muita sede )
- Polidipsia ( urina muito )
- Ter muita fome
- Perda de peso sem causa
- Cansaço
- Visão turva
- Cicatrização difícil

Complicações:
*    Vasculares: aterosclerose;
*    Oculares: catarata e desenvolvimento de anormalidades nos vasos sangüíneos da retina.
*     Renais: insuficiência renal.
*    Cetoacidose diabética: precedido por dores de cabeça, náuseas e vômitos. A respiração torna-se profunda, sendo a consciência perdida gradativamente. É causada por acúmulo de cetoácidos com um desenvolvimento de acidose.

Curiosidade
Hoje em dia já existe transplante de ilhotas pancreáticas. As ilhotas do doador são colocadas através de um cateter na veia porta, atingindo o fígado e ali se instalando, fazendo as mesmas funções que exercia no pâncreas sadio.

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