A tireóide situa-se na região cervical, adiante da traquéia, e apresenta-se constituída por 2 lobos unidos por um istmo. Possui origem endodérmica. Produz os hormônios tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), que estimulam o metabolismo. A secreção da tireóide é controlada, primariamente, pelo hormônio tireoestimulante (TSH), secretado pela hipófise anterior. A tireóide também secreta calcitonina, hormônio importante para o metabolismo do cálcio.
Principal fator desencadeante da secreção de calcitonina é a hipercalcemia: Aumento da concentração de cálcio no plasma (hipercalcemia).
A tireóide é constituída por grande número de folículos fechados (100 a 300 micrômetros de diâmetro), revestidos por células epiteliais cubóides, as células foliculares, que secretam para o interior dos folículos uma substância denominada colóide. O principal componente do colóide é a grande glicoproteína tireoglobulina, que contém os hormônios tireóideos no interior de sua molécula. O segundo tipo celular existente são as células parafoliculares. Nas preparações histológicas de rotina (HE), não são observadas. Costumam estar envolvidas pela mesma membrana basal do epitélio folicular. Essas células secretam o 3º hormônio da tireóide, a CALCITONINA.
Cada molécula de tireoglobulina contém cerca de 70 aminoácidos tirosina, que constituem os principais substratos que se combinam com o iodo para formar os hormônios tireóideos. Assim, esses hormônios formam-se dentro da molécula de tireoglobulina. Para formar quantidades normais de tiroxina (T4), são necessários cerca de 50mg de iodo, ingerido na forma de iodeto a cada ano, ou cerca de 1mg/semana. A primeira etapa na formação dos hormônios tireóideos consiste no transporte do iodeto do sangue para as células foliculares, processo chamado seqüestro do iodeto. O iodeto é oxidado, e adquire a capacidade de se combinar com o aminoácido tirosina. A tirosina é inicialmente iodetada a monoiodotirosina e, em seguida, a diiodotirosina. A combinação de uma molécula de monoiodotirosina com uma de diiodotirosina forma a triiodotironina (T3), enquanto o acoplamento de 2 moléculas de diiodotirosina forma a tiroxina (T4). Cerca de 93% dos hormônios são produzidos e liberados no sangue na forma de T4, enquanto 7% são produzidos na forma de T3. Entretanto, durante os poucos dias subseqüentes, cerca da metade da tiroxina sofre lenta desiodetação, formando quantidade adicional de triiodotironina. Assim, o hormônio que é liberado e utilizado pelos tecidos consiste em T3, que é cerca de 4 vezes mais potente que T4.
Para normalizar essa situação, a calcitonina realiza 2 funções básicas:
1) Inibe a reabsorção óssea (osteólise), através da inibição dos osteoclastos. Assim, a calcitonina é um hormônio hipocalcemiante, exercendo efeito antagônico ao do hormônio da paratiteóide (PTH), que é hipercalcemiante
2) Estimula a incorporação do cálcio no tecido ósseo.
Os hormônios Tireóideos Aumentam a Atividade Metabólica Celular
Os hormônios tireóideos aumentam a atividade metabólica de quase todos os tecidos do organismo. A falta completa de secreção da tireóide determina, habitualmente, a queda do metabolismo basal de 40 a 50% abaixo do normal, enquanto os excessos de secreção da tireóide podem aumentar o metabolismo basal por até 60 a 100% acima do normal. A velocidade de utilização dos alimentos para a obtenção de energia encontra-se acentuadamente acelerada. Apesar de a intensidade de síntese protéica estar aumentada, o seu catabolismo também está aumentado.
Sistema nervoso central: Os processos mentais são excitados
Crescimento e diferenciação dos tecidos: Os hormônios tireóideos são necessários para o crescimento e diferenciação da maior parte dos tecidos do organismo, pois estimulam a síntese protéica por todos os tecidos corpóreos.
Metabolismo dos carboidratos: T3 e T4 estimulam a absorção de glicose pelo intestino, aumentando sua utilização pelos tecidos. Eles também estimulam a quebra do glicogênio em glicose no fígado, coração e músculo estriado esquelético.
Metabolismo lipídico: há um aumento na mobilização de lipídios do tecido adiposo e estimulam a oxidação de ácidos graxos. Há redução nos níveis plasmáticos de colesterol
Gônadas: os hormônios tireoidianos são necessários para o desenvolvimento normal das gônadas.
A velocidade do crescimento de pessoas jovens apresenta-se muito acelerada., e verifica-se aumento nas atividades da maioria das outras glândulas endócrinas.
3.1) PATOLOGIAS RELACIONADAS
Hipotireoidismo: É uma síndrome que se caracteriza pelas manifestações clínicas e bioquímicas devido a deficiência na produção ou ação dos hormônios tireóideos, levando a uma lentidão generalizada dos processos metabólicos. Pode ser:
Primário: ocorre por diminuição do tecido tireóideo funcionante ou por defeito da biossíntese dos hormônios tireóideos ( T3 e T4 baixo e TSH alto).
Central:
- secundário (defeito na hipófise)
- terciário (defeito no hipotálamo)
Hipotireoidismo subclínico: Resistência periférica aos hormônios tireóideos.
Sintomas: No hipotireoidismo, os processos físicos e mentais do indivíduo tornam-se mais lentos. Há um aumento no peso corporal e uma preferência por ambientes aquecidos (o indivíduo adquire intolerância ao frio). Ocorre constipação intestinal e a taxa cardíaca é reduzida. A pele torna-se seca, fria e pálida, o cabelo fica ressecado, quebradiço e tende a cair, a língua aumenta (macroglossia) e a voz torna-se rouca. A libido diminui em ambos os sexos e a ,menorragia é comum nas mulheres. Pode ocorrer edema periorbitário e em membros inferiores. Cretinismo é o termo utilizado para casos de hipotireoidismo congênito associado ao retardo mental, à baixa estatura e ao inchaço de face e mãos característico. Freqüentemente se acompanha de surdo-mudez. O teste do pezinho veio para auxiliar no diagnóstico precoce.
O hipotireoidismo no adulto causa a síndrome conhecida como MIXEDEMA, cujo sintoma mais evidente é um edema localizado no rosto que não cede à pressão. O mixedema é devido ao acúmulo excessivo de substância fundamental amorfa no tecido conjuntivo. A deficiência tireoidiana na criança pode levar ao cretinismo, caracterizado por baixa estatura e retardo mental.
Hipertireoidismo: Pode ser causado por diversas doenças da tireóide, porém a mais comum é o bócio exoftálmico ou Doença de Graves. Nesta doença, a hiperfunção é devida a uma IgG anormal que se combina com receptores para TSH das células foliculares simulando os efeitos estimuladores deste hormônio.
Bócio simples: É um aumento da glândula tireóide não associado com o hipertireoidismo, o hipotireoidismo, a tiroidite ou tumor. A causa mais comum é a deficiência de iodo, e a condição é mais freqüente em mulheres. A glândula apresenta uma hiperplasia em resposta a níveis elevados de TSH no sangue. A glândula fica moderadamente aumentada e hiperêmica, mostrando claramente que tenta extrair a quantidade máxima de iodo do sangue.
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